sábado, 8 de dezembro de 2012

RECORDANDO 59 ANOS DE CASADO

Faz hoje cinquenta e nove anos que casei, iniciando-se assim o mais feliz período da minha vida. Costumo, neste dia, deixar aqui algumas palavras recordando tudo que fiquei a dever à minha querida companheira de tantos e tantos anos e a dor de já a não ter junto de nós. Este ano limito-me a transcrever uma das habituais “estórias para crianças” da minha filha, postada ontem no Facebook, que tanto me sensibilizou. Ela encerra toda a felicidade que vivemos e quanto sentimos a falta da minha querida Teresinha. Estória para crianças: Era uma vez uma princesa que vivia na província, num meio fechado e onde todos casavam dentro da mesma casta. A princesa era rebelde e desobedecia às normas da sociedade. Um dia, encantou-se por um príncipe “estrangeiro” que nem reparava nela, mas a bela princesa apaixonou-se e tudo fez para cativar o Príncipe e cativou! Um ano após casaram. Foram felizes para sempre? Isso seria uma estória estúpida, porque como viveram tantos anos juntos não poderiam ser felizes a toda a hora. Foram cúmplices para sempre? Foram! Até ao dia que a Princesa partiu. A Princesa partiu, tal como foi seu desejo, antes do Príncipe. O Príncipe permaneceu fiel à sua Princesa depositando no seu túmulo uma rosa vermelha em todas “as suas datas”. Falta-nos a presença física da nossa Princesa mas “ela” é e será sempre a luz e a força que nos impede de desistir. Se a Princesa ainda estivesse connosco, amanhã faria 59 anos de casada, vaidosa como era viria com mais um anel comemorativo…

sábado, 1 de dezembro de 2012

RECORDANDO

Há 60 anos trabalhava numa empresa onde os únicos feriados que tínhamos eram o Natal, o Ano Novo e o 1º. de Dezembro. Não me lembro já se o 1 de Dezembro era facultativo ou se era obrigatório e no longínquo ano de 1952 o deixou de ser. Só sei é que, na empresa onde trabalhava, passámos a ter menos um feriado. Ora eu tinha uma prima em Évora de quem era bastante amigo e que casava naquele dia e a quem prometera que estaria presente. Como não gosto de faltar às minhas promessas e como nos tinha sido tirado um feriado que tivéramos, até aquele ano, resolvi que faltaria ao trabalho e iria mesmo ao casamento. Em boa hora tomei esta decisão pois além de não ter faltado ao prometido, dei alegria à minha prima e fui encontrar alguém que, a partir daquele dia, não mais deixou de estar presente na minha vida. A partir daquele abençoado dia, durante um ano trocámos cartas diariamente, algumas de muitíssimas folhas e, passado um ano, casámos, exactamente no dia 8 de Dezembro do ano seguinte. E, a partir dali, durante 57 anos, Ela foi a querida companheira de todos os dias, sempre presente nos bons e nos maus momentos, sempre disposta a sacrificar-se para que a mim e aos filhos nada faltasse. Deu-me tudo, numa entrega total, abdicando de tudo por mim e pelos filhos. Adorava os Pais mas abdicou da companhia deles para me acompanhar para Angola. Sonhava empregar-se para me ajudar nos nossos difíceis primeiros tempos mas abdicou desse sonho para se entregar inteiramente aos filhos a quem amou quase tanto como a mim. Faço esta afirmação porque, nos seus últimos anos de vida, quando os filhos lhe perguntavam de quem gostava mais, hesitava um pouco a pensar e respondia sempre: “Do Papá”. O pouco que realizei, ao longo da vida, a ela o devo porque me incitou sempre com o seu entusiasmo sem o qual nada teria feito. Nos momentos de perigo que vivemos, e alguns foram. tentou sempre proteger-me. Parecia uma frágil figura, mas tinha uma força indomável para defender o marido e os filhos. Como gostaria de poder exprimir tudo o que ela foi para mim e o quanto lhe devo, mas não consigo. Só sei que nos amámos inteiramente e que desde que me deixou, há quase quatro anos, a minha vida nunca mais teve a beleza que tinha. OBRIGADA QUERIDA TERESINHA POR TUDO QUE ME DESTE. NUNCA DEVIAS TER PARTIDO ANTES DE MIM! A terminar, quero deixar aqui a linda mensagem que minha filha postou no FB e que tanto me sensibilizou neste dia de tão belas recordações mas tão triste por não poder já viver a felicidade que vivi. A meus Pais: Pelo amor que me deram, por todos os momentos de felicidade, pelos valores de solidariedade, cidadania e liberdade sem subserviência, que prevaleceram sempre como regra de vida e porque amanhã é dezembro, porque sempre foi, para mim, o mês mais bonito do ano (e já não é), porque amanhã faz 60 anos que os meus Pais se conheceram e permaneceram juntos até ao dia que a minha adorada Mãe partiu. Em memória dos tempos que não voltam mas com a esperança que é Natal sempre que um homem quiser, relembro Ary dos Santos: Tu nasceste, foi Natal no teu berço pequenino É Natal em todo o mundo sempre que nasce um menino, Nós nascemos foi Natal, os nossos pais é que o fizeram, Do amor que os dois viveram veio a vida que nos deram. Hoje é natal, e amanhã vai ser natal outra vez, Porque afinal quando é Natal a gente nasce outra vez. Os teus pais são os operários do teu corpo pequenino. Amanhã serás operário do Natal de outro menino. Não nos mintam nunca mais a mentira é uma vergonha, Fomos feitos pelos pais não viemos na cegonha!