domingo, 28 de agosto de 2016

AS ÁRVORES MORREM DE PÉ

Quinta-feira fui ao Teatro! Há quanto tempo o não fazia! Durante anos, quando vivia em Lisboa, não perdia uma única peça de teatro, quer profissional, quer amador. Quando deixei de viver em Lisboa, fiquei dependente das poucas companhias que nos visitavam ou das realizações locais que tão pouco eram. Com o ir viver para o campo e com a idade o ir ao teatro tornou-se uma coisa rara. Mas, na quinta-feira, numa oferta do meu genro voltei e foi como uma festa do antigamente, embora já sem aquele ritual de vestir um fato e pôr gravata mas com a mesma emoção de sempre. Como foi bom reviver todos os bons momentos do antigamente em que só faltava a minha querida companheira dos outros tempos porque, então a festa teria sido completa. Jantámos na esplanada do velho café do Coliseu, agora Café 1890. Todas aquelas esplanadas da Rua Eugénio dos Santos estavam cheias. Ainda não há muito tempo, a baixa de Lisboa era quase uma cidade fantasma. Agora está cheia de movimento com turista por todo o lado. Como é bom ver esta LISBOA CIDADE VIVA! Depois, fui ver “As ´´Arvores Morrem de Pé”, passados mais de cinquenta anos sobre a última vez que esta peça, que tantas vezes vi, foi representada. Enquanto relembrava, com saudade, a interpretação da Avó Palmira e de todo o elenco que a acompanhava, receava vir a não gostar desta reposição. Mas, tal não sucedeu. A peça tem uma linda encenação e uma boa interpretação de todos os actores. Senti que Manuela Maria pode não ter sido aquela personagem de respeito que Palmira Bastos impunha (talvez isto seja apenas aos meus olhos), mas criou igualmente uma inesquecível avó que no momento de reconhecer o neto lhe soube dar toda a força que o papel exigia. Gostaria de voltar a ver a peça com Eunice Muñoz a interpretá-la, sinal de que teria recuperado o estado de saúde e que o teatro voltaria a contar com a presença desta grande Artista que tanto admiro. No final, fui aos camarins dar um abraço ao meu querido e velho Amigo Ruy de Carvalho um dos raros que resta de tantos que conheci no mundo do teatro. Como me cruzei com a D. Manuela Maria tive oportunidade de lhe exprimir toda a minha admiração e felicitá-la pela sua excelente interpretação. Parabéns a Filipe La Féria e a todo o elenco.