quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

1º. DE DEZEMBRO - FERIADO PELA ÚLTIMA VEZ

Numa época de crise que serve apenas para retirar tudo que aqueles que nada contribuíram para ela possuíam, enquanto os seus verdadeiros causadores continuam intocáveis, o Álvaro (armado em ministro da economia para a qual não tem qualquer vocação), entre outras medidas, resolveu acabar com o feriado do primeiro de Dezembro.

Enquanto vou passando este último dia como feriado, recordo momentos passados neste dia, ao longo dos anos.

Recordo o amanhecer desse dia há setenta anos, quando com meu Tio Armando, no terraço da sua casa, víamos passar a tuna de capa e batina, com os seus violinos e pandeiretas enfeitadas de fitas de várias cores, tocando o Hino da Restauração.

Évora não tinha, na altura, Universidade, mas no seu liceu tinha uma tuna que, depois de uma noite bem comida e bebida, despertava a cidade lembrando a data que se festejava.

A tradição da ceia bem regada, ao longo de toda a noite, mantém-se mas a cidade já não é despertada ao som da tuna.Desapareceu aquela onda de cor e alegria.

Fui depois para o liceu em Lisboa e recordo alguns 1ºs. de Dezembro em que, fardado da Mocidade Portuguesa apenas com camisa e calções, desfilávamos na Avenida da Liberdade, do Marquês aos Restauradores. E não sentíamos qualquer frio apesar da data e da pouca roupa que envergávamos.

Mais tarde, já empregado, só gozávamos 3 feriados, Natal, Ano Novo e 1º. de Dezembro. Mas há cinquenta e nove anos, já não sei porque motivo, não nos foi dado o feriado do 1º. de Dezembro.

Eu não me conformei com aquela decisão e resolvi faltar pois tinha o casamento da uma prima minha, em Évora, e não queria,de forma alguma, estar ausente.

Ainda bem que tomei tal decisão porque foi o mais feliz feriado da minha vida.

Ali fui encontrar aquela que a partir daí, nem por um só dia deixou de estar comigo. Durante um ano, através de cartas diárias, e depois sempre comigo.

Há três anos tivemos o nosso último 1º. de Dezembro juntos. Agora resta-me apenas uma saudade cada vez maior.

E cá continuo a caminhar com as minhas recordações e uma saudade muito grande do passado. Como gostaria de ter uma máquina do tempo para poder viajar para o passado mas essas não passam de uma fantasia.

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