domingo, 1 de dezembro de 2013
UM PRIMEIRO DE DEZEMBRO ESPECIAL
Um de Dezembro de mil novecentos e cinquenta e dois.
Acordo, em Évora, ao som de uma bátega de água a bater nas vidraças da janela.
Durante alguns anos, os únicos feriados que a empresa onde trabalhava concedia aos seus empregados eram o Natal, o Ano Novo e o primeiro de Dezembro.
Mas, tal como voltou a suceder agora, o primeiro de Dezembro não era considerado feriado obrigatório e os meus patrões, considerando que estavam a ser “uns mãos rotas”, resolveram que se passaria a trabalhar naquele dia.
Como, no ano em que resolveram abolir aquela concessão, casava, em Évora, uma prima minha e eu não queria deixar de estar presente, comuniquei que faltaria ao trabalho naquele dia.
Era por esse motivo que me encontrava em Évora quando fui desperto por uma chuva torrencial.
E eu, que idealizara um dia bonito, acordo debaixo de uma chuva torrencial.
Mas, por volta do meio-dia, como por milagre a chuva parou, o sol apareceu e tudo se transformou num dos dias mais lindos da minha vida e com o qual eu nem sequer sonhara.
Fui para o casamento e, no copo de água, quando conversava com outras pessoas, junto de uma das mesas, senti alguém bater-me nas costas e uma voz feminina dizer: Por favor, podia passar-me um croquete.
Satisfiz o pedido e continuei a conversa mas, novo toque nas costas, a mesma voz pedia mais um croquete, pedido que eu satisfiz continuando a conversa.
Mas, mas passado pouco tempo, terceiro toque e novo pedido surgiu.
Foi então que me virei, com o prato dos croquetes na mão, e rindo exclamei: Mas come muitos croquetes!
Ao dizer isto reparei, finalmente, na pessoa que insistentemente estava interrompendo a conversa e tentando desviar a atenção para ela. Era linda!
A partir daquele momento já não tive olhos nem palavras para mais ninguém e no fim da noite já tínhamos iniciado o nosso namoro.
Desde aquele momento não mais nos separámos pois, apesar de ter regressado a Lisboa no dia seguinte, mantivemos correspondência diária durante um ano ao fim do qual estávamos casados.
Vivemos anos plenos de felicidade, enfrentando bons e maus momentos, mas sempre unidos e tendo sempre o grande amor de uma companheira que jamais deixou de me apoiar e encorajar todas as minhas iniciativas.
Há cerca de cinco anos, a doença levou-a da minha companhia mas, em pensamento, continua sempre presente. Sempre presente desde aquele terceiro croquete.
Se recordo aqui a história do croquete é porque minha mulher, rindo de felicidade, a contava a toda a gente que conhecia mostrando como a sua insistência conseguiu despertar a atenção deste eterno distraído.
Alguma coisa, que me obrigava a faltar ao emprego para me deslocar a um casamento em Évora, perece que me dizia que aquele seria um dia especial que me tornaria feliz para o resto da vida.
OBRIGADO QUERIDA TERESINHA POR TUDO QUE ME DESTE. TANTA FALTA ME TENS FEITO NESTES ÚLTIMOS MEUS ANOS DE VIDA.
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