Acabo de ler dois livros que, além de me terem proporcionado bons momentos de leitura, me fizeram lembrar Angola, se é que a não tenho permanentemente no meu pensamento.
“A Balada do Ultramar” e “O Planalto e a Estepe” são dois romances que muito apreciei, um recordando momentos porque muitos de nós passámos e o outro, que falando de uma história de amor, é uma denúncia e ao mesmo tempo uma desilusão.
O primeiro, escrito por Manuel Acácio, transmite-nos com grande autenticidade, que só pode ser sentida por quem passou por tudo aquilo, a felicidade que foi viver naquele país, o drama de uma debandada a que fomos obrigados e a luta para reconstruir toda uma nova vida num meio que nos discriminava como “retornados”.
O segundo, do escritor angolano Pepetela, é um romance de um amor proibido de um branco angolano que estudou na União Soviética e se apaixonou por uma jovem mongol que também ali fazia os seus estudos.
Trata-se de um romance com muito de verídico e, certamente, algo de biográfico que denuncia toda a prepotência de um regime que durante muito tempo foi considerado por alguns como exemplo de sociedade justa e perfeita.
Ao mesmo tempo mostra toda a desilusão de uma sociedade angolana “onde o luxo e a penúria caminham lado a lado”.
Deve ser doloroso para Pepetela verificar que a realidade da sociedade angolana é bem diferente daquela com que sonhou e pela qual lutou.
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De Pepetela não posso deixar de lembrar esse lindísimo e mágigo "Lueji" ou o mais irónico "O cão e os caluandas".
ResponderEliminarDe Angola, também gosto muito de Agualusa, outro escritor de não deixar de reflectir, umas vezes mais de perto outras mais à distância, sobre a 'angolanidade' e os seus problemas.
Acabei de descobrir mais dois: um deliciosamente irónico e sarcástico, espécie de cronista da vida urbana - João de Melo; outro mais mágico e onírico (que estou ainda a ler pela primeira vez) - Ondjaki.