terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RECORDANDO O NOSSO CASAMENTO

Como estávamos felizes, querida Teresinha, há cinquenta e seis anos!

Ao fim de um ano, em que nem um só dia deixámos de nos corresponder, o nosso sonho realizou-se com a concretização do nosso casamento.

E durante perto de cinquenta e seis anos vivemos uma felicidade enorme enfrentando tantas contrariedades e dificuldades mas também alegrias enormes como as do nascimento dos nossos filhos.

Em ti, tive sempre uma companheira com uma coragem invulgar dando-me apoio e aturando todas as minhas manias que tantas vezes te deixaram menos acompanhada para me entregar às coisas a que me dedicava como os automóveis e o teatro.

Mas sabia que ao chegar a casa te tinha sempre à espera dando-me alento para enfrentar todas as contrariedades e força para continuar.

Como fomos felizes, meu querido amor.

Hoje, é o primeiro aniversário do nosso casamento em que não estamos juntos e como isto é doloroso.

De manhã, quando dei os parabéns e desejei um dia feliz ao nosso Armando, pois também hoje ele faz anos de casado, que esforço enorme tive de fazer para ele não se aperceber que eu chorava.

Sempre desejei morrer antes de ti e só agora percebo como estava a ser egoísta com este desejo pois iria submeter-te a uma dor muito grande e compreendo porque, quando falávamos nisso, dizias que se tal sucedesse te matarias de seguida.

Infelizmente eu não tenho coragem para o fazer, mas vontade não me falta.

Até quando isto durará meu amor adorado que recordo todos os dias com uma saudade cada vez maior.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

SAUDADE

Ai, querida Teresinha, como é diferente o dia de hoje com o de há cinquenta e sete anos atrás.

Aquele foi um dia de sol em que o frio não se fazia sentir porque era aquecido pelo calor de um amor muito grande que nascia e que duraria para todo o sempre!

O de hoje é um dia triste, frio e chuvoso, que acompanha a minha grande dor de já não te ter junto de mim.

Na nossa campa, deixei-te um ramo de rosas e ali estive a fazer-te companhia.

Estavas tão perto e tão longe!

Até quando, meu querido amor?

Há alguns meses, procurando um papel, na nossa casa, encontrei o bilhete que me escreveste a dar-me os parabéns dos meus setenta e dois anos.

Cheio do carinho que sempre me dedicaste, lamentavas “como tudo passou tão depressa.

Foi, de facto, assim. Tudo passou como um meteoro tal a felicidade que sentíamos em estarmos juntos.

Hoje, estou sozinho, apesar do amor e aoio dos filhos, e não há um só dia em que não te recorde com uma saudade tão grande que faz doer e encherem-se os meus olhos de lágrimas.

Cada dia que passa tudo se torna cada vez mais difícil.

Até quando, meu amor adorado!