quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

FOI HÁ 58 ANOS



Foi há 58 que as nossas vidas se uniram com uma força que apenas a morte foi capaz de separar.

Anos de muita alegria e de algumas dificuldades que soubemos sempre ultrapassar graças à força que emanava de ti, meu amor.

Hoje resta apenas a recordação da felicidade vivida e a saudade, uma saudade tão grande, tão grande e que cada dia que passa se torna maior.

Senhora, partem tão tristes
Meus olhos, meu bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém,

Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida,
Tão cansados, tão chorosos,
Da morte mais desejosos
Cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
Tão fora de esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém.


(João Ruiz Castelo – Branco)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

All Together Now

A 12 de Maio de 1967, Paul McCartney compõe “All Together Now” destinada ao album “Yellow Submarine” que é lançado a 13 de Janeiro de 1969.



Paul McCartney diz tê-la tirado das músicas para crianças (É um cantiga de brincadeira) mas afirma que também estaria a brincar com o significado de “Todos Juntos Agora” que tanto podia ser um convite a todos brincarem como um slogan para a unidade mundial.
Passados 42 anos, a operadora de telefones “Optimus” torna-a a música de fundo da sua publicidade lançando excelentes anúncios gravados em Lisboa.



Ao mesmo tempo, une cantores em duetos improváveis: Rui Reininho com Quim Barreiros,



Moonspell com Carminho,



Mind da Gap com Avô Cantigas



e Manuel João Vieira com Mónica Ferraz.




Passado quatro dezenas de anos, graças à Optimus, “ All Together Now” volta a ser cantada por toda a gente.



PARABÉNS OPTIMUS

1º. DE DEZEMBRO - FERIADO PELA ÚLTIMA VEZ

Numa época de crise que serve apenas para retirar tudo que aqueles que nada contribuíram para ela possuíam, enquanto os seus verdadeiros causadores continuam intocáveis, o Álvaro (armado em ministro da economia para a qual não tem qualquer vocação), entre outras medidas, resolveu acabar com o feriado do primeiro de Dezembro.

Enquanto vou passando este último dia como feriado, recordo momentos passados neste dia, ao longo dos anos.

Recordo o amanhecer desse dia há setenta anos, quando com meu Tio Armando, no terraço da sua casa, víamos passar a tuna de capa e batina, com os seus violinos e pandeiretas enfeitadas de fitas de várias cores, tocando o Hino da Restauração.

Évora não tinha, na altura, Universidade, mas no seu liceu tinha uma tuna que, depois de uma noite bem comida e bebida, despertava a cidade lembrando a data que se festejava.

A tradição da ceia bem regada, ao longo de toda a noite, mantém-se mas a cidade já não é despertada ao som da tuna.Desapareceu aquela onda de cor e alegria.

Fui depois para o liceu em Lisboa e recordo alguns 1ºs. de Dezembro em que, fardado da Mocidade Portuguesa apenas com camisa e calções, desfilávamos na Avenida da Liberdade, do Marquês aos Restauradores. E não sentíamos qualquer frio apesar da data e da pouca roupa que envergávamos.

Mais tarde, já empregado, só gozávamos 3 feriados, Natal, Ano Novo e 1º. de Dezembro. Mas há cinquenta e nove anos, já não sei porque motivo, não nos foi dado o feriado do 1º. de Dezembro.

Eu não me conformei com aquela decisão e resolvi faltar pois tinha o casamento da uma prima minha, em Évora, e não queria,de forma alguma, estar ausente.

Ainda bem que tomei tal decisão porque foi o mais feliz feriado da minha vida.

Ali fui encontrar aquela que a partir daí, nem por um só dia deixou de estar comigo. Durante um ano, através de cartas diárias, e depois sempre comigo.

Há três anos tivemos o nosso último 1º. de Dezembro juntos. Agora resta-me apenas uma saudade cada vez maior.

E cá continuo a caminhar com as minhas recordações e uma saudade muito grande do passado. Como gostaria de ter uma máquina do tempo para poder viajar para o passado mas essas não passam de uma fantasia.

sábado, 9 de abril de 2011

FOI HÁ 2 ANOS

Foi há dois anos que me deixaste, querida Teresinha, e o mundo nunca mais foi igual.
A caminhada ao longo destes dois anos tem sido bem difícil, pois cada vez sinto mais a tua falta.
Passo os dias a recordar momentos felizes que vivemos e sinto uma saudade tão grande, tão grande, que dói e dá vontade de chorar.
Tenho a felicidade de ter os filhos que me deste e que tudo têm feito para me ampararem e tornarem a minha vida fácil, mas nada pode preencher o vazio com que fiquei sem a tua companhia.
Até quando, meu amor?

segunda-feira, 7 de março de 2011

SAUDADE

Minha querida Teresinha, na sexta-feira, fui para Lisboa com a Bibi e o Jorge, pois como teria de entrar na Clínica, para ser operado, no sábado às 8 da manhã, teríamos de sair de Évora muito cedo se não viéssemos de véspera.

Quando jantávamos num restaurante, perto do hotel, entrou um numeroso grupo de jovens mascarados que celebravam o Carnaval o que me fez recordar quando nós fazíamos o mesmo.

Não foram muitas vezes porque tu preferiste sempre a companhia dos filhos a qualquer espécie de distracções, mas fizeste algumas excepções, possivelmente para me fazeres a vontade.

E destas excepções, recordei aquela em que fomos com o Chico e a Pilar para a Tágide e ali encontrámos o Rogério Paulo com a Maria Leonor. Muito rimos e dançámos naquela noite até de madrugada.

Já abalaram todos e só eu por aqui ando vivendo da saudade e da tristeza de já não podermos viver esses tempos e esses momentos de felicidade.

No sábado fui operado e ali fiquei a pernoitar até que o médico me desse alta no domingo de manhã. Tal como em Janeiro, quando fui operado à vista direita, senti a falta que me fazias, pois nessas alturas, nunca me deixaste e ficaste sempre junto de mim, aflita a pensar em como me sentia.
Ontem, quando regressei aos Foros, não te podia escrever mas, apesar de cansado, podia estar contigo e aí fui a caminho de Évora para te levar um ramo de rosas e te dizer, meu querido amor, como me continuas a fazer tanta falta e como a saudade é cada vez maior.

QUE SAUDADE MEU QUERIDO AMOR!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

RECORDANDO FERNANDO MIRA GODINHO



Foi há oito dias que o meu amigo Fernando Pereira me telefonou Para me dar a triste notícia do falecimento do meu querido Amigo Fernando Mira Godinho.

Fiquei bastante abalado pois nem sabia da sua estadia em Portugal. Desta vez, contra o que era habitual, não entrou em contacto comigo. Apenas sei que estava hospitalizado e que faleceu no passado dia 23 de Janeiro.

Não vou falar da sua importância na concretização das “6 Horas de Nova Lisboa” nem da grande amizade que nos unia pois isso já o fiz num apontamento que aqui deixei em Julho de 2009.

Apenas este pequeno apontamento recordando a última conversa que tivemos em Janeiro do ano passado.

Quando há cerca de dois anos voltaram a organizar-se corridas no Huambo e existiu um simpático movimento para que eu estivesse presente, tive oportunidade de dizer aos organizadores das provas que não se esquecessem de convidar o Fernando Mira Godinho para estar presente naquela prova.

Em Lisboa, quando estive com um dos organizadores voltei a falar no assunto e ele disse-me que teria de procurar o Mira para o convidar.

Absolutamente convencido que o não teriam esquecido, quando no princípio de 2010 falei com o Mira (mal pensava eu que era a última vez) disse-lhe: “Então foste um convidado de honra nas corridas do Huambo?”.

Senti uma tristeza grande quando o Mira me respondeu: “Não, ninguém me disse nada. Assisti porque comprei bilhete e no final até procurei os organizadores para os felicitar.”

Se aceitei com naturalidade e compreensão que o convite que me fizeram não se tivesse concretizado, melindrou-me bastante terem esquecido o Mira a quem o desporto angolano e o automobilismo tanto deviam.

Apesar da minha já adiantada idade alimentei sempre o sonho de voltar ao Huambo. Mas, hoje esse sonho morreu.

Todos os Amigos que ali tive já desapareceram e, certamente, voltar ao Huambo só me traria tristeza.

Prefiro recordar aquela Nova Lisboa com a sua Finol e as suas 6 Horas Internacionais de Nova Lisboa, com o Pinto Leite e o Mira Godinho, com os colegas dos meus filhos a quem incuti o gosto pelo teatro. Aquela Nova Lisboa onde fui tão feliz com a minha mulher e os meus filhos.

Essa é a Nova Lisboa que eu recordo e que já não poderia encontrar no Huambo.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CONTO DE NATAL

Meu irmão Antoninho morreu num dia de Natal.
Não o cheguei a conhecer porque quando morreu eu ainda não era vivo e vim ao mundo exactamente para preencher o vazio que ele deixara a meus Pais.
Daí ter crescido sem que, na quadra do Natal, existisse qualquer espécie de festejos.
O Natal só se começou a festejar após o meu casamento e com a chegada dos meus filhos.
A partir daí, esta quadra começou a ser festejada com grande alegria e felicidade.
Anualmente, fazia-se uma árvore de natal que crescia sempre de ano para ano, pois todos os anos se juntavam, aos antigos, novos ornamentos.
Com a nossa ida para Angola, a árvore continuou a crescer.
Ia com os meus filhos ao viveiro florestal da Sacaala e ali escolhíamos o pinheiro que queríamos e que era abatido na altura. Chegou a ser tão grande que tocava o tecto, perante a alegria do meu filho mais novo e as censuras de minha mulher que considerava aquilo um exagero.
Com o 25 de Abril, regressámos a Portugal sem nada e a árvore de natal voltou à primeira forma, pequenina e pobrezinha. Mas lá voltou a crescer de ano para ano embora sem nunca mais ter atingido a apogeu de outros tempos.
Entretanto, com o casamento dos filhos também o clã Lacerda deixou de estar junto durante toda a quadra pois eles começaram a ter que o dividir com as famílias das mulheres. Apenas a filha continuou a festejá-lo inteiramente com os pais.
Como o disse a princípio, era uma quadra de alegria e felicidade. Mas como a felicidade não pode durar sempre também esta acabou com a morte da minha mulher.
E o ano passado não tive coragem nem vontade para estar com os filhos e fugi para longe, com grande desgosto e censura do meu filho mais novo que custou a compreender a minha decisão.
Com a minha filha e o meu genro fomos a Cuba para estarmos longe de tudo e de todas lembranças de um passado que não voltaria mais.
E conseguimos estar distantes de uma quadra que só nos causava tristeza. Cuba não festejava o Natal, embora se visse um grande presépio numa das ruas principais de Havana e o mesmo fosse festejado nas igrejas.
A véspera de Natal foi transformada no dia cubano e como tal foi festejado com esmero a que os empregados do hotel se entregaram com grande entusiasmo.
Logo de manhã, quando abri a janela do meu quarto deparei com um movimento de trabalho que montava um arraial nos jardins do hotel onde foi servido um almoço de churrasco com os empregados vestidos com trajes regionais e um grupo coral que abrilhantou a festa com músicas do folclore cubano.
À noite, o jantar foi servido com os empregados vestidos a rigor que nos ofereciam “mojitos” à entrada para a sala de refeições e onde deparámos com um excelente jantar onde se viam cascatas de marisco.
Este ano, entendemos que não podíamos nem devíamos estar a fugir abandonando os filhos e netos. E ficámos para estarmos juntos na consoada.
Mas custa muito. Sinto a falta de alguém que me acompanhou durante anos e anos e que eu com a felicidade que sentia pensava que nunca teria fim.